Você Se Equivocou de Casa, Vilão! (Novel) - Cap. 06
Capítulo 06:
Não demorei muito para espalhar molho sobre os ingredientes picados e ordenadamente empilhados no sanduíche e depois cobri-los com pão. Depois disso, recolhi os fios emaranhados descuidadamente na minha frente.
Em pouco tempo, o jantar estava pronto.
Com isso terminado, peguei minha bandeja e fui para o quarto da minha casa com a melhor vista do pôr do sol. Havia um rio que corria atrás da casa, o que tornava uma vista clara e aberta. Essa também era a razão pela qual o aluguel da rua Gray Ferret era tão caro.
Barulho.
Coloquei a bandeja na moldura da janela, sentei na poltrona muito aconchegante em frente à janela e olhei para fora. Uma rica onda de tons dourados desvaneceu brilhantemente diante dos meus olhos.
“Que pacífico.”
Meu coração, que havia ficado um pouco inquieto por ter conhecido a heroína, voltou a se acalmar. Assim, desfrutei de um jantar tranquilo enquanto assistia ao pôr do sol e então, quando terminei, me levantei.
Tak!
Meus pés bateram em alguma coisa e eu olhei para baixo. Um braço liso e esculpido de madeira apareceu diante dos meus olhos.
Havia vários bonecos de manequim amassados espalhados por todo o quarto em que eu estava. Como eu os fizera propositalmente para parecerem pessoas reais, houve momentos em que até eu ficava surpresa quando entrava neste quarto no escuro.
Trabalhava como balconista em uma cafeteria durante o dia e pela noite, usava minha habilidade para trabalhar no submundo. Minha habilidade como Arachne era muito útil, então ocasionalmente recebia pedidos e era paga para resolvê-los.
Essas bonecas também eram coisas que eu havia preparado como parte disso. O boato sobre um fantasma morando na casa ao lado surgiu porque eu fui um pouco descuidada ao usar o poder de Arachne quando me mudei para a rua Ferret. Eu estava usando fios para mover coisas pela casa e manipulando as bonecas para agirem como pessoas reais na casa vazia ao lado e essa visão foi captada por um vizinho. Graças a isso, surgiram boatos idiotas sobre fantasmas que viviam neste bairro.
No entanto, como alguém se mudou para a casa ao lado, os rumores provavelmente se acalmariam.
Eu chutei o braço da boneca no chão novamente, empurrando-o para um canto.
Certo. Não havia motivo para me envolver particularmente com os personagens do romance. Eu posso continuar com o meu dia como tenho feito até agora.
Foi o que pensei comigo mesma com bastante serenidade, nesse momento.
Eu nem sequer sabia que minha doce paz seria completamente destruída em menos de meio ano, depois de me tornar vizinha da heroína.
Parte 3: E é assim que o Vilão e eu…
“Haa…”
Era uma noite coberta por uma espessa manta de escuridão.
Um homem cambaleou por um beco escuro e sombrio que não recebia nem mesmo um raio da luz da lua. Sua respiração era pesada enquanto seu corpo se fundia em uma sombra escura.
“Tão… Barulhento. Cale-se já.”
Embora não houvesse ninguém ao seu redor, o homem murmurava para si mesmo de vez em quando, como se estivesse ouvindo coisas.
[n/t: ouvindo coisas = tendo alucinações auditivas.]
Tropeçar…
O corpo do homem estava coberto de sangue, mas suas roupas eram pretas e seus arredores eram muito escuros, tornando-os imperceptíveis. Mas, surpreendentemente, cada gota de sangue do homem que caia no chão, rapidamente desaparecia sem deixar vestígios.
Nesse momento, as nuvens se dissiparam, revelando a lua cheia redonda atrás delas. Um par de olhos escondidos sob uma mecha de cabelo desgrenhado, visivelmente gélidos ao serem banhados pela luz da lua.
Seu rosto pálido estava encharcado de suor frio, mas seus profundos olhos azuis brilhavam penetrantemente como os de uma besta selvagem. Sua mandíbula afiada parecia um pouco mais rígida do que antes, como se ele tivesse cerrado os dentes.
“Eu não vou morrer… Então cale-se…”
O homem soltou um sussurro que parecia ter saído de seus dentes cerrados. No entanto, não demorou muito para que seu corpo finalmente caísse no chão.
– Lakis…!
Ao ouvir a voz urgente ecoando em sua cabeça, o homem deixou escapar um suspiro superficial. Mesmo que ele quisesse censurá-la por ser barulhenta, sua garganta estava fortemente obstruída como se houvesse uma pedra alojada nela, e suas pálpebras continuavam fechando. Seu corpo parecia tão pesado, como se estivesse sendo esmagado pela gravidade.
A voz urgente ecoando em sua cabeça gradualmente desapareceu.
Ele estava apenas… Um pouco cansado.
Sim…
Ele ia apenas fazer uma pequena pausa e logo se levantaria. Ele nunca se permitiria morrer tão estupidamente assim.
No entanto, a escuridão que se erguia sobre ele era tão doce quanto um veneno perfumado, e ele eventualmente não teve escolha a não ser cair de joelhos e sucumbir a ela. Ele sentiu sua consciência se afastar cada vez mais e finalmente, ele fechou os olhos.
* * *
Havia um café no cruzamento da rua Blue Ferret. Não era uma rua movimentada nem a loja em si era particularmente boa. Além disso, o mais importante lá, o café, não tinha um gosto muito bom, no entanto, a loja sempre tinha um fluxo constante de clientes desde o horário em que abria.
O negócio da cafeteria nem sempre foi assim. Começou a surgir como um ponto de visita popular há cerca de dois anos. A razão disso era uma certa pessoa que era secretamente chamada de celebridade de Ferret.
“Senhorita Yuri, mais dois cafés, por favor.”
“Sim, por favor, espere um momento.”
Imediatamente após soar uma voz calma e monótona, uma cabeleira escura amarrada frouxamente em um coque balançou suavemente. A balconista que havia recebido o pedido do cliente começou a mexer seus braços. O resplendor da tarde lançava um brilho distante em seus olhos vermelhos, enquanto eles brilhavam com indiferença sob seus longos cílios negros. Um par de mãos bonitas, com pele de porcelana, se revelaram sob sua manga enquanto seus pulsos delgados se moviam graciosamente, fazendo com que os olhos das pessoas os seguissem automaticamente.
Embora estivesse vestida com uma roupa simples, sem enfeites ou ornamentos, ela transmitia uma estranha sensação de extravagância.
Era essa bela aparência dela que fazia com que as pessoas não tivessem escolha a não ser parar e olhar, mas ela também tinha um inexplicável encanto misterioso sobre ela.
A mulher cuja expressão calma nada revelava sobre o que estava sentindo era uma empregada que começou a trabalhar aqui há dois anos. Seu nome era Yuri, e outras coisas sobre ela, como sua idade e origem, eram desconhecidas. Por causa disso, as pessoas simplesmente adivinharam que ela tinha vinte e poucos anos, com base em sua aparência. No entanto, eles também eram pessoas que especulavam que ela poderia ser muito mais velha do que isso por causa da aura madura, mas indiferente ao seu redor quando ela interagia com as pessoas.
“Seu café está pronto.”
Em todo caso, a empregada do café, Yuri, era uma celebridade na rua Ferret. Se poderia dizer que a maioria das pessoas iam a cafeteria para vê-la.
A razão pela qual a cafeteria agora estava apinhada de gente, apesar de seu escasso negócio apenas dois anos atrás, era graças aos boatos que se espalharam por toda parte.
Além disso, o sabor do café, que antes só era controlável, havia se transformado em algo decente desde a chegada de Yuri. No entanto, por incrível que pareça, o sabor do café de Yuri teve seus altos e baixos. Às vezes, tinha um gosto inacreditavelmente bom e outras vezes, tinha um gosto horrível, como remédio moído. Mesmo assim, como havia pessoas que diziam que beberiam qualquer coisa que ela lhes desse, mesmo que fosse água lamacenta, o dono do café não teve escolha a não ser deixar passar.
“Oh? Srta. Yuri, você está trabalhando até tarde hoje? Onde está o Sr. Gilbert?”
Um cliente regular perguntou assim que entrou na loja e viu que Yuri ainda estava na cafeteria, embora já tivesse passado da hora em que ela normalmente saía do trabalho.
“Ele não estava se sentindo bem, então foi embora mais cedo.”
Gilbert era o dono do café. Ele era um homem de meia-idade que administrava a loja sozinho e causava uma impressão muito calorosa.
Quando Yuri começou a trabalhar aqui, havia clientes que ocasionalmente faziam piadas ruins sobre juntá-lo com ela, porque ele ainda era solteiro muito depois da morte de sua esposa. Mas cada vez que isso acontecia, Gilbert ficava muito bravo, porque para ele, Yuri era como sua única filha, então ele achava aquele papo nojento. A impressão de Gilbert era geralmente extremamente gentil, mas o homem tinha a constituição de um urso, então quando ele se irritava, ele parecia muito assustador.
Graças a isso, quando ele ficava com raiva, as poucas pessoas que faziam piadas de mau gosto calavam-se rapidamente. Claro, por causa de seu orgulho, ou porque eles não queriam mostrar que estavam oprimidos pela atitude de Gilbert, eles limpariam suas gargantas, agindo como se fossem apenas cavalheiros fazendo uma piada.
Como resultado, Yuri nem sequer tinha a chance de ficar com raiva por causa desse assunto. Mas, mesmo que não fosse o caso, Yuri nunca havia levantado a voz enquanto trabalhava na cafeteria. Por isso, a princípio, houve quem achasse que ela tinha uma personalidade dócil e deliberadamente a provocava mais.
Cada vez que Yuri se deparava com um cliente que parecia lixo, ela olhava para eles com um olhar particularmente frio e os observava por mais tempo do que o normal. Quando isso acontecia, os que enfrentavam seus olhos vermelhos sentiam um arrepio desconhecido percorrer sua pele e eram forçados a se calar.
Mesmo que não conseguissem entender, seus estômagos se contraíam e um calafrio descia por sua espinha, como se eles tivessem se tornado uma presa erguendo destemidamente a cabeça diante das mandíbulas de um predador.
E assim, antes que você percebesse, o ambiente de trabalho na cafeteria tornou-se naturalmente agradável.
De qualquer forma, após encerrar mais um dia agitado de trabalho, Yuri saiu da loja.